Eis que, pela primeira vez na sua história, a Irmandade da Francesinha se desloca a uma Casa de Pasto.
Sempre me maravilhou tal designação que após curta pesquisa descobri que não é mais do que a designação que remonta ao século XIX e que tem vindo a ser progressivamente substituída pela palavra Restaurante esta última de influência francesa. Ali está escondida na rua Sá Noronha entre o café Progresso e o Teatro Carlos Alberto uma das “resistentes”, a casa de pasto Golfinho. Nesta sexta-feira cinzenta fomos recebidos de forma bem disposta e acolhedora pelo sr.Silva, a sala é pequena e assim “ao comprido” acompanhada de um balcão a todo o comprimento à direita e terminando em dois degraus que levam a uma pequena, limpa e organizada cozinha.
Sentamo-nos e veio a lista acompanhado do “ora bem para prato do dia temos o prego ou a francesinha” que resultou na rápida resposta “…bem…então se calhar vamos na francesinha!”.
Naquele ambiente quase familiar em que claramente éramos os únicos clientes “não habituais” iam-se comentando as notícias do jornal da uma que passava na tv enquanto o sr.Silva juntava os ingredientes da francesinha que retirava de forma altamente organizada dos seus frigoríficos, entre os quais o frasco da poção mágica, entenda-se o molho.
Esperamos um pouco e lá estavam elas à nossa frente acompanhadas de uma generosa dose de batata frita caseira. O molho não apresenta a melhor imagem visual já vista mas depois de o provar é fácil concluir que o sabor é muito superior à imagem. Quer o recheio quer o molho cumprem, trata-se de um molho não muito espesso, picante e bem caseirinho. O recheio apresenta-se com bife, fiambre, salsicha fresca e com e um pouco de inovação com 2 finas rodelas de chourição, coberta por um queijo que lhe assenta bem. O pão tem a altura correcta e apresentava-se no ponto certo.
O sr.Silva esteve sempre à altura do bem serviço, nunca deixando nada acabar (cerveja e molho) e sempre com aquela simpatia de quem sabe receber. Esteve-se bem num espaço humilde com uma tranquilidade bem apetecível para uma pausa de almoço.
A Casa de Pasto Golfinho (porque é que nunca me soa bem isto??!) é um daqueles cantinhos escondido pela cidade que vale a pena conhecer, é genuíno e por isso . A Francesinha é digna. Já de saída foi-nos lançado um “até à próxima” e é isso quem se dedica assim a uma casa merece ter “uma próxima”, por tudo isto e muito mais sai um grande bem haja ao sr.Silva e à sua Casa de Pasto!